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quinta-feira, 12 de abril de 2012

TEORIA PSICOMOTRICIDADE

PREENSÃO MANUAL










A preensão é um dos movimentos mais importantes do ser humano. Desde bebê, já possuímos este ato motor, porém no início somente como reflexo também conhecido como reflexo palmar.



Com a maturação do Sistema Nervoso Central, o que era reflexo vai se tornando ato intencional e cada vez mais refinado. O bebê começa a aprimorar o movimento sendo capaz cada vez mais de pegar coisas de tamanhos menores, chegando até mesmo a conseguir pegar um grão de feijão através do movimento da pinça.



É comum educadores nomiarem a preensão de pressão, mas são coisas bem diferentes. A preensão é o movimento que a mão realiza em torno de um objeto para pegar. A pressão é a força que a mão realiza sobre um determinado objeto. Para tanto, ao olharmos uma criança escrevendo por exemplo, podemos observar tanto a preensão do lápis quanto a pressão que é exercida sob ele durante o grafismo.



Como já disse, a pinça é um ato motor refinado. Inicialmente o bebê usa a mão toda para pegar, para depois começar a utilizar bem mais os dedos polegar e indicador, que irão ser responsáveis pela pinça. Como o movimento vai se tornando preciso, também devido ao aprimoramento do olhar que acompanha o movimento das mãos (viso motor), podemos realizar atividades de enfiagem e encaixe com maior estabilidade das mãos (sem tremor) e precisão.



Propiciar brinquedos que favoreçam encaixes com pinça, pode auxiliar muito na precisão do grafismo. Também, ensinar a criança desde cedo a executar atividades básicas do seu dia a dia, como amarrar sapatos, abotoar, afivelar, favorece no desenvolvimento do tônus das regiões das mãos e braços, o que será exigido para a execução de uma escrita de qualidade tanto no ritmo quanto na quantidade de palavras.


O MOVIMENTO CORPORAL EM CRIANÇAS INQUIETAS

A inquietação é uma desordem neurológica que pode trazer diferentes prejuízos a vida de uma criança. Um deles, é a dificuldade em se organizar em espaços físicos, tanto conhecidos (ambientes de casa e escola), quanto aqueles que a criança nunca esteve antes.
Algumas dificuldades motoras, também podem aparecer em decorrência da inquietação. Geralmente quando olhamos uma criança agitada, dizemos que é também um pouco descoordenada, pois seus movimentos corporais globais, não possuindo harmonia nos ritimos e associações, se tornam um pouco confusos, desorganizados, causando a desorientação do corpo no espaço vivido.
É comum também que essas crianças apresentem quedas, batidas de seu corpo em móveis, desequilíbrios, por não conseguirem planificar as ações motoras como resposta do contato físico. Não podemos nos esquecer também que a inquietude corporal, também afeta as percepções sensoriais. Em todos os movimentos que nosso corpo realiza, mesmo que muito pequenos ou refinados (dedos das mãos, rotação da cabeça), o cérebro recebe informações cinestésicas importantes para as assimilações e associações, de como e onde este corpo está movimentando.
Como a criança ainda está em fase de desenvolvimento e maturação neurológica, este descompasso não permite a ela uma boa assimilação corporal e, consequentemente sua memória também acaba ficando bastante deficitária.
fonte: CUESTA, Galo Pesántez; PESÁNTEZ, de Mónica Ríos; BOSCAINI, Franco. El niño inquieto. Unidad Internacional de Educación Continuada en Neurologia del Desarrollo y Psicomotricidad. Centro Nacional de Epilepsia, Quito, Equador: 2005. 136p


DISPRAXIA

Apesar de ser um termo com nome ainda pouco conhecido, a Dispraxia nada mais é que a dificuldade com a coordenação motora do corpo. Pode haver uma dispraxia global, onde os membros superiores, inferiores e tronco, não conseguem ter uma harmonia em suas movimentações.

Quando olhamos uma pessoa dispráxica, há uma impressão de que ela é dejateitada ou talvez um pouco desequilibrada, porém a dispraxia é uma desordem corporal, que já na infância começa a mostrar vestigios.

A criança cai muito ou tropeça facilmente, mesmo sem haver objetos em seu caminho. Seu equilíbrio muitas vezes esta comprometido por fatores de ordem orgânica (que envolvem a região cerebelar) ou mesmo da falta de noção de seu próprio corpo, o que ocasiona desordens do conhecimento do meio ambiente.

Pessoas muito anciosas ou agitadas, também podem possuir dispraxia, pois como querem realizar muitas ações simultaneamente, ou de maneira muito rápida, comprometem o ritimo do corpo nas planificações do movimento.

A dispraxia está descrita por uma dificuldade no planejamento na sequência de movimentos coordenados e no plano de ação destes movimentos, mesmo que os mesmos já tenham sido realizados anteriormente.

Apesar do nome um pouco assustador, a dispraxia é geralmente uma consequência de algo errado com o corpo. Na criança, a dispraxia é olhada como algo normal da infância. Porém quando acentuada, deve ser trabalhada por profissional "formado" para reabilitação Psicomotora, pois pode trazer sérios prejuízos escolares, no que se diz respeito ao processo atencional durante as aulas, bem como também durante o grafismo, e também em suas atividades de vida diária (atravessar uma rua, subir escadas, entre outras).

A dispraxia tem cura. Exercícios de conhecimento corporal, de melhora da tonicidade e equilibração, devem ser realizados primeiramente, para que o paciente possa melhorar a qualidade dos movimentos globais realizados.


DISGRAFIA


Mas o que é realmente a disgrafia? Podemos definir de diversas formas, entre elas, as mais comuns são dificuldade de escrever, a letra ilegível, aglomeração de símbolos, e junção de letras e números para significar uma mesma coisa. Porém o mais comum é que as pessoas se preocupem com a letra que é chamada por alguns profissionais, de "feia".
Muitas crianças que entram em avaliação em consultório de reabilitação psicomotora, mencionam já ter ouvido que a sua letra é ruim ou feia. Com isso, além das dificuldades motoras que podem atingir os grandes musculos do corpo e os pequenos, a criança vem apresentando baixa auto estima, devido aos relatos dentro da escola.
Não generalizando, pois isto não acontece com todos, mas com muitos, a chamada preguiça para escrever também é outro termo que alguns pais costumam dizer na frente dos filhos, e que não conseguem observar o que realmente acontece com o corpo desta criança.
Muitos dos que tem o diagnóstico de disgrafia, apresentam uma hipotonia muscular (mais comum nos casos, devido a ausência de força muscular não somente na região das mãos, mas também de braço e antebraço) ou uma hipertonia (excesso de força tanto na preensão como na pressão do lápis).
Vamos nos lembrar que no caso da ausência de força do tônus muscular não está localizada somente na região das mãos. Todo o hemicorpo também tem uma associação no movimento da mão. Isto também inclui o tronco. A postura estática, sentada, no momento em que a criança escreve, deve ser olhada com precisão, pois toda inclinação incorreta do tronco, e cabeça, com posicionamento irregular do olho para acompanhamento da mão enquanto trabalha, também interfe muito no processo do grafismo.

EXPLORAÇÃO DO CORPO PELA CRIANÇA


"A criança se movimenta, explora, toca, entra em relação com o mundo inteiro através dos poucos ou muitos objetos que estão, a cada vez, ao seu alcance. O raio de ação das suas atividades- além do seu próprio desenvolvimento psicomotor - é limitado pelas restrições adultas. É o espaço, a configuração dos objetos, dos móveis aos enfeites, aos equipamentos de trabalho, é prevalentemente um espaço sob medida para o adulto, tanto em relação à casa, quanto a lugares públicos. E assim, o "não" torna-se facilmente um muro de vidro que engaiola a exploração infantil a qual, por intima natureza, está ligada ao movimento e às mudanças de lugar do corpo, ao pegar e lançar. O adulto pode viver os movimentos e às mudanças de lugar do corpo, ao pegar e lançar. O adulto pode viver os movimentos da criança de duas maneiras completamente diferentes: ou como constante ameaça do próprio território, como intrusão nos seus espaços, como agressividade, ou então como convite ao brinquedo, à reestruturação do espaço, à cooperação. Obviamente, poderia objetar-se que a criança pequena está constantemente em perigo, muitos dos seus movimentos podem provocar acidentes, podem colocá-la diretamente em perigo. E é verdade que a própria categoria da "segurança", a preocupação pela incolumidade da criança é básica para o seu crescimento sadio. Mas a segurança ambiental que nós, adultos, fornecemos aos pequeninos deve estar constantemente relacionada com a segurança interior que, passo a passo, se desenvolve na criança e que se expressa na sua capacidade crescente de autocontrole.
A ideia da segurança, levada ao extremo, sugere que gaiolas e barras sejam lugares ideais para o crescimento, mas tratar-se-ia de um crescimento às custas do crescimento da pessoa no sentido da autonomia. Aliás, logo que se desenvolver na criança uma certa segurança, ela mesma fará de tudo para combater a segurança,ou seja, contra a segurança dada pelo ambiente...Essa luta contra a segurança e contra os controles acompanha toda a infância; entretanto, os controles continuam sendo necessários"(Winnicott, 1965, p.47). Por isso, os pais encontram-se na dificil situação de fornecer, constantemente e com fadiga, os elementos que constituirão as armasfundamentais para a demolição progressiva da sua própria superioridade e autoridade."


DESATENÇÃO

O assunto desatenção tem chamado muito a atenção de educadores ultimamente. Muitas crianças se apresentam "desatentas" durante as aulas, e os professores têm dúvidas se pode haver ou não um transtorno de desatenção.
Muitos fatores influenciam para que uma criança fique (e não seja) desatenta: não se alimentar diariamente pela manhã antes da escola, tomando o café da manhã adequadamente; não possuir quantidade de horas de sono necessária, por dormir tarde todos os dias da semana; possuir uma agenda com excesso de atividades na semana (informática, natação, aulas de idiomas).
Hoje já é de conhecimento de todos, que o brincar faz parte da infância, e todas as crianças precisam e devem possuir em sua rotina, horários para desestressar e aprender brincando. Isso facilita não somente para a socialização da criança, mas como também, as brincadeiras desenvolvem as habilidades motoras e cognitivas, quando são desafiadas a terem soluções para situações de raciocínio lógico.
Uma mente sobrecarregada de informações, também causa um estress por receber uma enorme quantidade de informações e não ter tempo para a adaptação e planificação das mesmas. O amadurecimento e aprendizagem acontece, quando a criança absorve completamente o que aprendeu, através da vivência com o mundo. Horas em frente a computadores com jogos, podem prejudicar o processo atencional, ao contrário do que muitos pensam, por sobrecarregar as funções cognitivas.
O diagnóstico de um transtorno de desatenção, pode levar anos para se dar, porém é importante destacar que a criança pequena com 3,4, ou 5 anos já começa a apresentar alguns sinais importantes, que podem ser facilmente observados por pais e professores. Geralmente, crianças que não conseguem permanecer muito tempo em brincadeiras (um a dois minutos), se desinteressando facilmente por brinquedos que fazem parte da sua idade, nem "explorando" de forma adequada esses brinquedos, podem indicar que algo está errado com ela.
Outro fator importante é a interação ou vínculo com outra pessoa. Algumas crianças desatentas, têm dificuldades para contactar no olho quando alguém está falando, ou quando ela mesma está falando, também possuem um certo "olhar vago" pelo espaço físico, ao realizar uma determinada atividade. Podem possuir alguns tiques motores devido a ansiedade intensa (como enrolar os cabelos, roer as unhas, cutucar-se constantemente).
Mais importante do que diagnosticar, é saber entender e trabalhar com o fator desatenção. Procure verificar em quais situações a criança se comporta de forma desatenta. Quais são as atividades que a agrada, qual horário do dia está mais agitada ou cansada, em quais circunstâncias fica irritada.

fonte: Bondioli, Anna, Mantovani, Susana. Manual de Educação Infantil de 0 a 3 anos. Porto Alegre: ArtMed, 1998, 355p.