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domingo, 13 de abril de 2014

Como nasceram as estrelas


  O que o aluno poderá aprender com esta aula
* Identificar no texto as características de um gênero literário.
*Construir repertório de leitura.
*Identificar no texto palavras e expressões próprias do gênero literário.
*Reescrever textos respeitando as características do gênero e do autor.
Duração das atividades
3 aulas de 50 minutos
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno
Ser leitor e escrito em fase inicial.
Estratégias e recursos da aula
Material necessário:
- Livro "Como nascem as estrelas/ doze lendas brasileiras" Clarice Lispector.
- Folhas com a cópia do texto para os alunos.
Professor, esta aula foi pensada para que seus alunos possam escrever melhor, mas ao invés de fazer a revisão de seus próprios textos, procurando os erros, a proposta de revisão de textos bem escritos, segue outro caminho: encontrar os acertos.
Isto mesmo, já não é novidade a idéia de que quem lê muito escreve melhor.
Mas, não basta somente deixar que os alunos leiam, é importante apresentar e fazer um trabalho direcionado em busca de identificar os recursos utilizados pelos autores para tornar a narrativa mais interessante, bela e instigante.
Primeira atividade: Leitura
Inicie a aula anunciando a leitura do texto A festança na floresta , encontrado no livro Como nasceram as estrelas/ doze lendas brasileiras de Clarice Lispector.
Não se esqueça de mostrar a capa do livro de onde foi retirado o texto. Leia o título, o autor, o ilustrador e a editora.


Essas informações são necessárias para a formação do leitor e precisam ser garantidas a cada leitura do professor.
Faça com seus alunos uma apreciação da capa, observando as imagens o tipo de letra utilizada.
Após a leitura converse com seus alunos sobre a lenda.
Pergunte se eles já conheciam a lenda?
O que acharam do final?
Qual a mensagem que o texto passa?
Deixe que cada um faça livremente os comentários que desejarem sobre a obra.
Segunda atividade: Leitura do texto
Explique que a próxima atividade será uma revisão de texto, mas que ao invés de procurar os erros, eles terão a tarefa de procurar no texto, palavras e formas de escrita que deixam o texto mais bonito.
Neste momento apresente o texto em um projetor ou escrito em letras grandes para que todos possam acompanhar a leitura.
Entregue para cada dupla de alunos uma cópia do texto e faça uma nova leitura, orientando seus alunos a prestarem à atenção nos recursos utilizados pela escritora para deixar o texto “diferente e bonito”.
No link abaixo o professor pode ter acesso ao texto e também ao conteúdo completo do livro.


Uma festança na floresta
(Clarice Lispector)
Estamos no mês de junho, as fogueiras de São João se acendem, balões sobem, já há friozinho e aconchego. Dá para comer batata-doce à meia-noite com café tinindo de quente.
Mas me disseram que a festa não é só nossa. Pois não é que ia haver uma festa da bicharada na selva? E calculei que isso acontecesse no mês de nossos próprios folguedos. Pelo menos é o que garantem os índios da tribo Tembé.
Foi assim: os animais das matas até que estavam ocupados e calmos em relação a seus deveres, pois o dever do animal é existir. Mas eis senão quando surgiu no ar um boato que logo se espalhou alvissareiro num diz-que-diz assanhado. Vinha esse boato trazido pelo canto do sabiá. Como o sabiá, a quanto se sabe, canta pelo mero prazer de cantar, ficaram os bichos em dúvida sobre se era ou não verdade.
E — de repente — começou a chover convite para a tal festança. Quem convidava não dizia quem era, mas todos desconfiaram que a idéia vinha da rainha das selvas brasileiras, a onça, manda-chuva que era. Todos os bichos foram convidados, garantindo-se que na ocasião seria abolida a ferocidade. Até a mãe coruja, que de tão séria e sábia até óculos usava, foi convidada com os seus filhotes.
Quanto às filhas do macaco, doidas para namorar e enfim casar, enfeitaram-se tanto e com tantas bugigangas que pareciam umas — é isso mesmo, pareciam umas verdadeiras macacas.
E quem pensa que a cobra faltou por ser tão nojenta está enganado: apareceu fazendo salamaleques com o corpo escorregadio para chamar atenção.
A noite estava toda iluminada por milhares de vagalumes, pela lua silenciosa e pelas estrelas úmidas. Quanto à orquestra, fiquem certos de que era da melhor qualidade: uma turma de tucanos encarregou-se de tocar em valsa os mais belos grunhidos da mata.
A bicharada estava acesa de alegria, O papagaio foi muito aplaudido quando berrou uma canção alegre, e as macacas casadoiras, penduradas pelos rabos nas árvores, estavam certas de que eram grandes bailarinas.
Bem, a coisa estava no máximo de animação. Mas a onça estava inquieta, doida para atacar. E como não fosse permitida nessa noite a carnificina, ela começou a ser feroz com a língua viperina. Então cantou: “Dona Anita é gorda e roliça que nem uma porca e tem cor de rato.” A Anta danou-se e retirou-se.
A onça, vendo que tinha tido sucesso, cantou uma ofensa horrível contra o jabuti, dizendo que este estava coberto de mosca varejeira. Tanto que o jabuti ofendido foi embora. Depois a onça falou: “Vejam que decote indecente o das filhas do macaco.”As macacas ficaram fulas da vida e só não saíram de lá porque a esperança de arranjar noivo é a última que acaba.
Mas acontece que havia entre os animais o deus dos veados, Arapuá-Tupana, que resolveu acabar com a empáfia da onça e para vencê-la pôs-se a cantar. Os bichos, sabendo que quando o ouvissem morreriam, taparam os ouvidos. Arapuá-Tupana afinal foi embora e a bicharada não morreu. É. Mas os animais haviam perdido o dom da fala, ninguém se compreendia mais. E isso até o dia de hoje. Porque grunhir ou cantar não diz nada. Tudo por causa da onça linguaruda.
Terceira atividade: Revisão de texto bem escrito
Agora inicie junto com a turma a marcação no texto das partes que o deixa mais belo.
Em geral as crianças começam a perceber as palavras diferentes, e depois observam outras características, como os marcadores de tempo, e outros elementos como o uso do pronome para substituir o nome da personagem, do travessão no meio da frase para separar a fala do personagem da do narrador.
Caso seus alunos só identifiquem as palavras diferentes, chame atenção para a forma como a autora escreve utilizando-se de pronomes para substituir o nome das personagens.
Veja os comentários mais comuns quando este texto é trabalhado:
Carnificina = NOVOS VOCÁBULOS neste caso os alunos podem precisar consultar o dicionário, pois algumas vezes marcam a palavra, mas não sabem o significado e cabe o professor ajudá-los a compreender o significado no contexto.
Tinindo de quente = NOVOS VOCÁBULOS -Discuta com os alunos o termo, caso necessário busque a ajuda de um dicionário.
Vencê-la = O LUGAR DO PRONOME - Discuta com os alunos a quem a autora esta se referindo e porque utilizou o pronome.
Quarta atividade - Reescrita
Depois de marcar coletivamente as observações dos alunos, proponha agora, que cada dupla faça a reescrita do texto.
Para essa atividade o professor precisa lembrar aos alunos que a reescrita embora autoral deve procurar contar a história tal qual o enredo original, sendo permitida a escrita do jeito do aluno.
A cada nova reescrita, após as revisões, é esperado que os textos de seus alunos se tornem mais belos, melhorem a coesão, a coerência e a pontuação, além de ampliar o vocabulário.
Quinta atividade – Leitura das reescritas para a turma, com pontuações da professora
Ao final cada dupla pode ler sua reescrita para turma.
Durante as leituras o professor pode chamar à atenção da turma para os momentos em que os alunos se utilizaram de recursos da autora, valorizando o trabalho de revisão de textos bem e escritos e elogiando o trabalho dos alunos, que certamente ganharão em qualidade e beleza.
Algumas notas sobre a aula: Esse trabalho não é garantido apenas com uma aula, é preciso que o professor planeje a periodicidade da atividade. É indicado que faça o trabalho de revisão de textos bem escritos uma vez por semana ou a cada 15 dias.
Utilize autores consagrados na nossa literatura como: Monteiro Lobato, Ana Maria Machado, Ruth Rocha, Clarisse Lispector, Cecília Meireles, dentre outros.
Com o tempo você vai observar que seus alunos não só estarão produzindo textos cada vez melhores como também começarão a ser mais críticos com o que lêem e começarão a identificar o estilo de cada autor.
Recursos Complementares
No site acima o professor encontra um pouco sobre a vida e obra de Clarice Lispector, que poderá trabalhar com seus alunos e outras aulas.
O livro "Fábulas de esopo" de Ruth Rocha, coleção Era outra vez, traz textos curtos recontado pela autora que desperta muito interesse nos alunos e também é um excelente livro para trabalhar essa aula de revisão de textos bem escritos.
Avaliação
Professor avalie seus alunos durante toda a aula, verificando sua participação e interesse.
Com as reescritas você poderá observar quais alunos que se utilizaram dos conhecimentos da aula para compor textos melhores e bem elaborados.
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