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quinta-feira, 1 de maio de 2014

PLANO DE DESENVOLVIMENTO INDIVIDUAL

PLANO DE DESENVOLVIMENTO INDIVIDUAL (PDI)

Quando um aluno com Necessidades Especiais chega à sala de aula da escola comum, os professores, supervisores e diretores normalmente encontram-se aflitos, ansiosos e temerosos com o desenvolvimento,  participação, desempenho global e a aprendizagem desse aluno.
 Os comentários e questionamentos comuns são mais ou menos assim:
“- A turma está aprendendo frações e ele não sabe nem fazer soma! Como ele vai acompanhar a classe?”
 “- A turma já está lendo e elaborando textos e ele não sabe nem escrever seu nome! Como ele vai acompanhar a classe?”
“- Esse aluno deve estar na escola especial...!”
 Não devemos nos esquecer:
>A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, assegura às pessoas com necessidades educacionais especiais o direito à educação na rede regular de ensino, para tanto, exigindo adaptação e ou flexibilização de currículos, métodos, técnicas e recursos para atender as especificidades.
A ansiedade e dúvidas do professor residem no fato de não conseguir que o aluno aprenda como os demais da sua turma, mas tudo isso é minimizado ao tomar conhecimento e entender a proposta do PDI, que é direito adquirido do aluno com NEE.
  
O Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) é um dos documentos mais importantes da inclusão escolar, pois, através dele, o aluno com NEE é avaliado, reavaliado e o planejamento é elaborado, com estratégias específicas, levando-se sempre em consideração as capacidades, habilidades, aptidões e respeitando suas limitações; o PDI compara o desenvolvimento do aluno com ele mesmo e não com os demais de sua classe.
Importante esclarecer que ter laudo de deficiência ou de Transtorno Global do Desenvolvimento, não implica na necessidade do aluno ter um PDI; há alunos com Paralisia Cerebral que apresentam bom desempenho acadêmico, necessitando apenas da tecnologia assistiva para facilitar suas tarefas escolares, como carteiras e/ou computadores adaptados, entre outros.
A responsabilidade do preenchimento do PDI é do professor regente de turma, com suporte do supervisor, que devem estar familiarizados com esse documento que garante a progressão escolar do aluno com NEE.
O que deve conter no PDI (Projeto Incluir da SEE-MG e MEC)
     1-Folha de Rosto
     2-Relatório Circunstanciado
     3-Avaliação de Habilidades:
        Cognitivas e Metacognitivas
        Interpessoais/Afetivas
        Comunicacionais
        Motoras/Psicomotoras
        Atividades cotidianas
      4-Habilidades Acadêmicas
        Todas as disciplinas
        
1-Folha de Rosto
     Identificação do Aluno
         Nome - Data de Nascimento- Naturalidade
     Filiação
         Responsáveis pelo aluno
     Diagnóstico
         O laudo médico
     Deficiência
         Física-Intelectual-Sensorial-Múltipla
    TGD
         Autismo- Síndrome de Rett- Síndrome de Asperger- outros
     Necessidades educacionais :
         AEE (professor de Apoio – Sala de Recursos)- Tecnologia
         Assistiva- PDI- Flexibilização Curricular- ASB (cuidador)-
         Acessibilidade.
     Percurso escolar
     Escolaridade  
     Documentação
     Data de Admissão
     Proposta Curricular
2-Relatório Circunstanciado
    Esse relatório descreve a história de vida do aluno e deve ser atualizado.
    Gestação – Nascimento – Hospitalizações
    Cirurgias – Doenças – Histórico familiar
    Início e percurso escolar - Medicação em uso
    Equipamentos que utiliza (cadeira de rodas- órteses, outros)  
    Terapias que realiza - outros.
Esse relatório deve estar sempre atualizado; qualquer nova informação como alteração da medicação utilizada pelo aluno ou nas terapias que está frequentando, deve ser inserida no relatório.
3-Avaliação de habilidades - Sugestões
  
   Habilidades Cognitivas
   Atenção em sala - Interesse no ambiente
   Concentração nas atividades
   Memória auditiva-visual-sequencial
   Raciocínio lógico matemático
   Sequência lógica dos fatos
   Interesse por objetos
   Exploração adequada dos objetos
   Comparação – Associação - Classificação
   Abstração (conduta simbólica)
   Discriminação visual-auditiva-táctil
   Organização
   Noções de autopreservação
 
 
Habilidades Metacognitivas
Conhecimento do próprio conhecimento, conhecimento da falta de conhecimento, dos próprios processos cognitivos e controle executivo.
Utilização de estratégias para adquirir, organizar e utilizar o conhecimento.
Planejar
Estabelecer estratégias
Avaliar
Executar correções
Julgamento adequado de situações
Habilidades Interpessoais/Afetivas
Relações Sociais
Autoestima - Resistência a frustação
Cooperação – Humor – Agressividade
Autoagressão 
Timidez - Iniciativa - Respeito
Colaboração – Motivação - Isolamento
Segue regras e rotina
Olha nos olhos de outros
Aceita a proximidade de outros
Iniciativa social
Comportamento adequado em público
Permanência em sala
Habilidades Comunicacionais
Responde ao ser chamado
Compreende o que é falado
Forma de comunicação:
olhar- gestos- expressão facial- movimentos de cabeça- sons guturais
Tecnologia Assisitiva utilizada
Fala palavras inteligíveis
Em quais situações se comunica
Realiza muito esforço para comunicar-se
Correspondência entre pensamento / fala
Relata experiências pessoais
Transmite recados
Respirador nasal
Controla salivação
Habilidades Motoras/Psicomotoras
Permanece sentado com/sem apoio
Rola, engatinha, arrasta-se
Anda com/sem apoio
Corre, pula, cai com frequência
Equilíbrio estático/dinâmico
Toca cadeira de rodas
Ritmo – Diadococinesia motora
Dominância manual – Esquema Corporal
Discriminação de direita esquerda
Coordenação grossa/fina - Coordenação gráfica/visomotora
Conceitos básicos (cores/posição no espaço etc.)
Empurra/apreende/manipula/mantém objetos
Realiza atividades bimanuais -Tipo de preensão do lápis
Usa borracha/tesoura - Presença de estereotipias
Agitação psicomotora - Consegue realizar “push-up”
Adequação Postural -Desenvolvimento Motor
Coordenação Motora -Equilíbrio
Habilidades do Cotidiano
Alimentação – usa sonda, leva alimento com a mão à boca, usa a colher, come sólidos, derrama alimentos, bebe em mamadeira/copo/copo, engasga, tem disfagia, reflexo de mordida.
Controle esfincteriano – Pede para ir ao banheiro, vai ao banheiro sozinho, avisa quando está sujo, faz higiene íntima, usa fralda.
Vestuário – Veste e despe roupas, utiliza os complementos do vestuário     
(botões, zíper, laço), calça descalça tênis, sandália.
Habilidades Acadêmicas
Antes de prosseguir nas habilidades acadêmicas, vamos conhecer a FLEXIBILIZAÇÃO CURRICULAR , que caminha junto com o PDI.
>Flexibilização Curricular
Oportunidade rica para valorizar a diversidade de toda a classe e não somente para o aluno com NEE.
>Adaptação Curricular
Toda e qualquer ação pedagógica que tenha como objetivo flexibilizar o currículo.
Flexibilizar = Tornar flexível
Adjetivo> Que se dobra ou curva facilmente.
Figurado> Brando, complacente, dócil.
Sinônimo> Maleável
Currículo = É todo o conjunto de ações desenvolvidas pela escola, oportunizando a construção do conhecimento, da aprendizagem.
Finalidade da Flexibilização Curricular:
    >A Flexibilização Curricular se destina a todos os alunos, especialmente para aqueles com NEE.
    >Permitir a maior participação e envolvimento possível dos alunos com NEE em todas as atividades da escola e da sala de aula.
    >Levar os alunos com NEE a atingirem os objetivos da cada nível de ensino.
    >Evitar a elaboração de currículos específicos para os alunos com NEE ou com características significativamente diferenciadas de seus pares, no que se refere à aprendizagem e à participação.
A Flexibilização Curricular, não implica em reduzir ou eliminar aspectos dos conteúdos e dos objetivos curriculares, mas torná-los acessíveis, ajustando-os às condições e capacidade de aprendizagem do aluno.
As Adaptações Curriculares são modificações realizadas no planejamento, nos objetivos da escola, nos conteúdos, nas atividades, nas estratégias de aplicação desse conteúdo e de avaliação, no currículo como um todo ou em aspectos dele.
As adaptações curriculares devem ocorrer em três níveis do planejamento educacional:
1 – No Projeto Político Pedagógico (Fundamentado nos PCNs considerando os objetivos gerais e os conteúdos e outros);
2 – No Planejamento de Ensino (desenvolvido na sala de aula);
3 – No Plano de Desenvolvimento Individual do aluno (PDI), observando as necessidades educacionais especiais.
 
HABILIDADES ACADÊMICAS
Em sala de aula, o aluno com NEE deve estar no mesmo contexto dos demais e não realizando atividades completamente diferentes como, por exemplo, a classe está resolvendo problemas de matemática e o aluno pintando as letras do alfabeto. Os conteúdos devem ser passados, com a flexibilização, adaptação e estratégias necessárias para que o aluno absorva o que sua capacidade permitir e o que isso significa? Exemplificando:
1- O professor, seguindo as matrizes curriculares, está ensinado frações para sua turma; o aluno com NEE também recebe essas informações com as estratégias que o permitam participar desse conteúdo, seja com material concreto, práticas ou experimentações. Se esse aluno, de acordo com sua capacidade, entendeu que existe um inteiro (uma coisa inteira) que pode ser divido (partida em pedaços iguais) e cada pedaço é um pedacinho  desse inteiro, de acordo com o planejamento individual elaborado pelo professor, o aluno alcançou os objetivos, pois de todo o contexto e de acordo com sua compreensão, foi essa noção de “frações” que ele conseguiu aprender e pode utilizar na vida.
2- Na disciplina de Português o professor está trabalhando a produção escrita e grafia correta com sua turma, o aluno com NEE, que na maioria das vezes não lê nem escreve, pode realizar seu texto oralmente, sendo observada a concordância verbal, conteúdo, sequência de pensamento e outros, segundo sua capacidade.
3- Na matemática a turma está aprendendo equação do primeiro grau e, após esgotarem todas as estratégias, o aluno com NEE compreendeu que um problema escrito com palavras ou falado pode ser escrito com números,
(equação linear) ou simplesmente entendeu o significado da incógnita (o X da questão), esse aluno cumpriu os objetivos, pois, do contexto das equações do primeiro grau, foi o que ele teve condições de aprender.
4- Um exemplo interessante aconteceu com uma aluna com Síndrome de Down no ensino médio: A professora falava sobre a segunda guerra, especificamente com documentários sobre Mussolini e Hitler e ao final da aula perguntou o que a aluna havia entendido sobre o apresentado e ela respondeu: - Um era mau, mas o outro era “muito mais mau” ainda! A professora considerou a resposta certa, porque dentro da sua capacidade de compreensão, a aluna demonstrou seu entendimento da situação exposta.
5- Existem muitos casos, como na Deficiência Intelectual grave, em que o aluno exigirá uma adaptação individual significativa. Em Ciências, por exemplo, de todo o Eixo 2- Ser Humano e Saúde, o aluno aprendeu que não se pode beber qualquer água, que ela deve ser filtrada ou fervida antes de beber para não ficar doente e que a água é importante para todos e não se deve desperdiça-la. Podemos dizer que, de todo o Eixo 1, esse aluno com grave deficiência intelectual atingiu os objetivos, pois, de acordo o planejado e aplicação de estratégias específicas,  ele  absorveu o conhecimento que estava ao alcance de sua compreensão, conhecimento esse que será utilizado em sua vida. 
Os exemplos acima citados demonstram a oportunidade de acesso ao currículo; em muitas situações o aluno também necessitará de acesso aos materiais e a comunicação, quando a Tecnologia Assistiva deve ser utilizada. O suporte da Sala de Recursos e do Professor de Apoio, quando necessários, tem papel fundamental do processo educacional do aluno com NEE.
Se não existisse o PDI e a Flexibilização Curricular, os alunos com NEE estariam para sempre na “alfabetização”, marcando passo no mesmo lugar ou teriam seus boletins sempre com notas em vermelho, o que seria, no mínimo, um desrespeito. O boletim do aluno com NEE é justificado e apoiado pelo seu Plano de Desenvolvimento Individual (PDI), o que deve acontecer durante todo o percurso escolar.
Muitos irão perguntar: como esse aluno pode estar no sexto ano se não sabe ler, nem somar e ainda seu boletim apresenta-se com boas notas?
A resposta é: porque ele tem um PDI e está em uma escola que valoriza suas capacidades e respeita suas limitações.
Como foi dito anteriormente, o preenchimento do PDI é responsabilidade do professor regente de turma. A partir do sexto ano, cada professor deve ser responsável pelo preenchimento da sua disciplina; a parte das habilidades cognitivas/metacognitivas/comunicacionais/interpessoais/afetivas/
motoras/psicomotoras/cotidianas pode ser considerada parte comum e deve ser preenchida uma única vez, com o consenso dos professores.
É importante que o planejamento pedagógico do professor seja o mais realista possível e o PDI o mais fiel possível ao aluno.
Abaixo segue como sugestão o formato do PDI utilizado pelo CEEEU, documento esse que vem sendo aperfeiçoado desde 2004.