A dislalia (do grego dys + lalia) é um distúrbio da fala, caracterizado pela dificuldade em articular as palavras. (Imagem: Shutterstock)
Quando a criança apresenta problemas de articulação dos fonemas, ela pode transferir os erros orais para a escrita. Saiba como identificar esse distúrbio. Para compreender a dislalia é interessante abordarmos alguns aspectos da construção da linguagem, que pode ser receptiva (de fora para dentro) e expressiva (de dentro para fora). A linguagem não se resume à fala. Ela pode ser também gestual, escrita e Braille.
Pelas ilustrações abaixo, podemos observar a evolução normal da linguagem. Percebe-se que, nos adultos, o hemisfério esquerdo do cérebro é dominante para a linguagem, o que não acontece no caso dos bebês. Essa dominância é construída durante o desenvolvimento da criança até a fase adulta.
Etapas normais da aquisição da linguagem
0-3 meses: Produção de sons (choro/consolo, gritos, barulhos); distingue sons familiares.
4-6 meses: Discriminação de sons da fala, compreensão de palavras (balbucio) e de expressões faciais; produção de vogais e, posteriormente, de consoantes.
7-9 meses: Balbucio reduplicado (“bababa”) de forma interativa e produção gestual comunicativa (aponta para os objetos).
10-12 meses: Primeiras palavras reais + jargão (balbucio com fala); contato visual, expressões faciais, vocalizações e gestos (se faz entender por meio dessas formas de comunicação antes mesmo de falar).
12-18 meses: Produção de 10 a 50 palavras e algumas frases de duas palavras – chama a atenção para receber uma resposta verbal do adulto.
2 anos: Produz de 150 a 200 palavras e frases de 2 a 3 palavras.
3 anos: Formula sentenças gramaticalmente completas (com artigo, preposição e plurais); formula questões.
4 anos: Formulação sintática clara. Completa inteligibilidade é esperada aos 4 anos e 6 meses (meninas em média um pouco antes) para a fonologia do português e do inglês.
Competências
Para que a capacidade da linguagem se estabeleça, o sujeito deverá adquirir as seguintes competências, que dependem umas das outras:
• sensação: capacidade de sentir o som;
• percepção: capacidade pela qual se reconhece o som;
• elaboração: capacidade de reflexão sobre os sons percebidos;
• programação ou organização das respostas e articulação: capacidade de permitir a emissão sonora que
depende da articulação da fala.
Definição e causas
Dislalia é um transtorno da linguagem oral.
Algumas causas que provocam esse transtorno:
• história de infecção congênita na família;
• uso de drogas pela mãe;
• falta de oxigênio no cérebro na hora do parto;
• icterícia;
• meningite;
• imitação dos erros ou cacoetes de pessoas próximas;
• alterações emocionais;
• síndromes como a de Down, de Williams e a distrofia muscular progressiva de Duchene;
• hidrocefalias;
• neurofibromatose;
• psicopatias;
• ambiente familiar inadequado;
• paralisia cerebral;
• deficiência auditiva;
• herança genética.
Tipos de dislalia
A dislalia pode ser: funcional, a mais comum e que se caracteriza pela maneira incorreta de articular o fonema, sem que haja qualquer comprometimento motor ou muscular; orgânica, quando a criança tem dificuldade para articular o fonema devido a algum tipo de comprometimento motor ou muscular; e audiógena, que está relacionada com dificuldades auditivas. Quando a criança apresenta problemas de articulação dos fonemas, ela pode transferir os erros da linguagem oral para a escrita, quando entra na escola.
Tratamento
A partir dos 4 anos de idade, quando há suspeita de dislalia, a criança deve ser encaminhada ao otorrinolaringologista, fonoaudiólogo ou psicopedagogo.
Precaução
O ideal seria que qualquer criança, antes de ser iniciada no trabalho de alfabetização, realizasse exames oftalmológicos e audiológicos para detectar possíveis alterações que viessem a interferir na aprendizagem. No caso de crianças em fase de alfabetização que apresentem problemas de dicção, a professora deve se esforçar para pronunciar muito bem cada palavra a fim de que cada fonema seja claramente percebido. É recomendável que a criança faça exercícios diários na frente do espelho, na hora de escovar os dentes. Com um gravador, pode gravar as palavras ou frases escolhidas, para ouvir sua própria dicção. Assim, vai perceber melhor quais as palavras que precisam de mais clareza.
No caso de uma criança pronunciar incorretamente uma palavra, a professora deve apenas repeti-la da forma correta. Não há necessidade de lhe dizer que a pronúncia está errada. Isso lhe causaria grande constrangimento. A autoestima da criança está em jogo e é nosso dever, como educadores, mantê-la elevada.
Fontes:
- Transtornos da Aprendizagem – Abordagem Neurobiológica e Multidisciplinar – Newra Tellechea Rotta, et. Al. – Artmed – 2006.
- www.espsacoaprendizagem.info
- www.appai.org.br
- www.guiainfantil.com
Charlotte Fermum Lessa - Natural de Bremen, Alemanha, formada em Pedagogia, pós-graduada em Psicopedagogia, especialista em PEI – Programa de Enriquecimento Instrumental níveis I e II de Reuven Feuerstein. Presidente e fundadora do Instituto de Desenvolvimento Humano Kathia Lessa. Além de tradutora e intérprete, Charlotte é também escritora, com oito obras publicadas pela Casa Publicadora Brasileira, na área infantojuvenil, entre elas: Deus me Fez Assim, Deus Fez Meus Sentidos, Um Amigo pra Jesus, Deus Ama os que São Diferentes, Sou Down e Sou Feliz e O Mundo Maravilhoso da Bíblia Para Crianças.
FONTE DE PESQUISA:http://www.educacaoadventista.org.br/educadores/educacao-especial/488/o-que-e-dislalila-e-qual-o-tratamento.html