PLANO DE DESENVOLVIMENTO INDIVIDUAL (PDI)
Quando um aluno com Necessidades Especiais chega
à sala de aula da escola comum, os professores, supervisores e diretores
normalmente encontram-se aflitos, ansiosos e temerosos com o
desenvolvimento, participação,
desempenho global e a aprendizagem desse aluno.
Os
comentários e questionamentos comuns são mais ou menos assim:
“- A turma está aprendendo frações
e ele não sabe nem fazer soma! Como ele vai acompanhar a classe?”
“- A turma já está lendo e elaborando textos e
ele não sabe nem escrever seu nome! Como ele vai acompanhar a classe?”
“- Esse aluno deve estar na escola
especial...!”
Não
devemos nos esquecer:
>A Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, assegura às pessoas com necessidades educacionais especiais o direito
à educação na rede regular de ensino, para tanto, exigindo adaptação e ou
flexibilização de currículos, métodos, técnicas e recursos para atender as
especificidades.
A ansiedade e dúvidas do professor residem no
fato de não conseguir que o aluno aprenda
como os demais da sua turma, mas tudo isso é minimizado ao tomar
conhecimento e entender a proposta do PDI, que é direito adquirido do aluno com
NEE.
O Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) é um
dos documentos mais importantes da inclusão escolar, pois, através dele, o
aluno com NEE é avaliado, reavaliado e o planejamento é elaborado, com
estratégias específicas, levando-se sempre em consideração as capacidades,
habilidades, aptidões e respeitando suas limitações; o PDI compara o desenvolvimento do aluno com ele mesmo e não com os
demais de sua classe.
Importante esclarecer que ter laudo de
deficiência ou de Transtorno Global do Desenvolvimento, não implica na
necessidade do aluno ter um PDI; há alunos com Paralisia Cerebral que
apresentam bom desempenho acadêmico, necessitando apenas da tecnologia
assistiva para facilitar suas tarefas escolares, como carteiras e/ou
computadores adaptados, entre outros.
A responsabilidade do preenchimento do PDI é do professor regente de turma, com suporte do supervisor, que devem estar
familiarizados com esse documento que garante a progressão escolar do aluno com
NEE.
O que deve conter no PDI (Projeto
Incluir da SEE-MG e MEC)
1-Folha
de Rosto
2-Relatório
Circunstanciado
3-Avaliação
de Habilidades:
Cognitivas e Metacognitivas
Interpessoais/Afetivas
Comunicacionais
Motoras/Psicomotoras
Atividades cotidianas
4-Habilidades Acadêmicas
Todas as disciplinas
1-Folha de Rosto
Identificação
do Aluno
Nome - Data
de Nascimento- Naturalidade
Filiação
Responsáveis pelo aluno
Diagnóstico
O laudo
médico
Deficiência
Física-Intelectual-Sensorial-Múltipla
TGD
Autismo- Síndrome de Rett- Síndrome
de Asperger- outros
Necessidades
educacionais :
AEE (professor de Apoio – Sala de
Recursos)- Tecnologia
Assistiva- PDI- Flexibilização
Curricular- ASB (cuidador)-
Acessibilidade.
Percurso
escolar
Escolaridade
Documentação
Data
de Admissão
Proposta Curricular
2-Relatório
Circunstanciado
Esse relatório
descreve a história de vida do aluno e deve ser atualizado.
Gestação
– Nascimento – Hospitalizações
Cirurgias
– Doenças – Histórico familiar
Início
e percurso escolar - Medicação em uso
Equipamentos que utiliza (cadeira de rodas- órteses, outros)
Terapias
que realiza - outros.
Esse
relatório deve estar sempre atualizado; qualquer nova informação como alteração
da medicação utilizada pelo aluno ou nas terapias que está frequentando, deve
ser inserida no relatório.
3-Avaliação de
habilidades - Sugestões
Habilidades
Cognitivas
Atenção em sala - Interesse no ambiente
Concentração nas atividades
Memória auditiva-visual-sequencial
Raciocínio lógico matemático
Sequência lógica dos fatos
Interesse por objetos
Exploração adequada dos objetos
Comparação – Associação - Classificação
Abstração (conduta simbólica)
Discriminação visual-auditiva-táctil
Organização
Noções de autopreservação
Habilidades Metacognitivas
Conhecimento do próprio
conhecimento, conhecimento da falta de conhecimento, dos próprios processos
cognitivos e controle executivo.
Utilização de estratégias para
adquirir, organizar e utilizar o conhecimento.
Planejar
Estabelecer estratégias
Avaliar
Executar correções
Julgamento adequado de situações
Habilidades Interpessoais/Afetivas
Relações Sociais
Autoestima - Resistência a
frustação
Cooperação – Humor – Agressividade
Autoagressão
Timidez - Iniciativa - Respeito
Colaboração – Motivação -
Isolamento
Segue regras e rotina
Olha nos olhos de outros
Aceita a proximidade de outros
Iniciativa social
Comportamento adequado em público
Permanência em sala
Habilidades Comunicacionais
Responde ao ser chamado
Compreende o que é falado
Forma de comunicação:
olhar- gestos- expressão facial-
movimentos de cabeça- sons guturais
Tecnologia Assisitiva utilizada
Fala palavras inteligíveis
Em quais situações se comunica
Realiza muito esforço para
comunicar-se
Correspondência entre pensamento /
fala
Relata experiências pessoais
Transmite recados
Respirador nasal
Controla salivação
Habilidades Motoras/Psicomotoras
Permanece sentado com/sem apoio
Rola, engatinha, arrasta-se
Anda com/sem apoio
Corre, pula, cai com frequência
Equilíbrio estático/dinâmico
Toca cadeira de rodas
Ritmo – Diadococinesia motora
Dominância manual – Esquema
Corporal
Discriminação de direita esquerda
Coordenação grossa/fina -
Coordenação gráfica/visomotora
Conceitos básicos (cores/posição no
espaço etc.)
Empurra/apreende/manipula/mantém
objetos
Realiza atividades bimanuais -Tipo
de preensão do lápis
Usa borracha/tesoura - Presença de
estereotipias
Agitação psicomotora - Consegue
realizar “push-up”
Adequação Postural -Desenvolvimento
Motor
Coordenação Motora -Equilíbrio
Habilidades do Cotidiano
Alimentação – usa sonda, leva alimento com a mão à boca, usa a colher, come
sólidos, derrama alimentos, bebe em mamadeira/copo/copo, engasga, tem disfagia,
reflexo de mordida.
Controle esfincteriano – Pede para ir ao banheiro, vai ao banheiro sozinho, avisa
quando está sujo, faz higiene íntima, usa fralda.
Vestuário – Veste e despe roupas, utiliza os complementos do
vestuário
(botões, zíper, laço), calça
descalça tênis, sandália.
Habilidades Acadêmicas
Antes de prosseguir nas habilidades acadêmicas,
vamos conhecer a FLEXIBILIZAÇÃO CURRICULAR ,
que caminha junto com o PDI.
>Flexibilização Curricular
Oportunidade rica para valorizar a diversidade de
toda a classe e não somente para o aluno com NEE.
>Adaptação Curricular
Toda e qualquer ação pedagógica que tenha como
objetivo flexibilizar o currículo.
Flexibilizar = Tornar flexível
Adjetivo> Que se dobra ou curva facilmente.
Figurado> Brando, complacente, dócil.
Sinônimo> Maleável
Currículo = É todo o conjunto de ações
desenvolvidas pela escola, oportunizando a construção do conhecimento, da
aprendizagem.
Finalidade da Flexibilização Curricular:
>A
Flexibilização Curricular se destina a todos os alunos, especialmente para
aqueles com NEE.
>Permitir a maior participação e envolvimento possível dos alunos
com NEE em todas as atividades da escola e da sala de aula.
>Levar os alunos com NEE a atingirem os objetivos da cada nível de
ensino.
>Evitar a elaboração de currículos específicos para os alunos com NEE
ou com características significativamente diferenciadas de seus pares,
no que se refere à aprendizagem e à participação.
A Flexibilização Curricular, não implica
em reduzir ou eliminar aspectos dos conteúdos e dos objetivos curriculares,
mas torná-los acessíveis, ajustando-os às condições e capacidade de
aprendizagem do aluno.
As Adaptações Curriculares são modificações
realizadas no planejamento, nos objetivos da escola, nos conteúdos, nas
atividades, nas estratégias de aplicação desse conteúdo e de avaliação, no
currículo como um todo ou em aspectos dele.
As adaptações curriculares devem ocorrer
em três níveis do planejamento educacional:
1 – No Projeto Político Pedagógico (Fundamentado
nos PCNs considerando os objetivos gerais e os conteúdos e outros);
2 – No Planejamento de Ensino (desenvolvido na sala de aula);
3 – No Plano de Desenvolvimento Individual do aluno (PDI), observando as necessidades educacionais especiais.
2 – No Planejamento de Ensino (desenvolvido na sala de aula);
3 – No Plano de Desenvolvimento Individual do aluno (PDI), observando as necessidades educacionais especiais.
HABILIDADES ACADÊMICAS
Em sala de aula, o aluno com NEE deve estar no
mesmo contexto dos demais e não realizando atividades completamente diferentes
como, por exemplo, a classe está resolvendo problemas de matemática e o aluno
pintando as letras do alfabeto. Os conteúdos devem ser passados, com a
flexibilização, adaptação e estratégias necessárias para que o aluno absorva o
que sua capacidade permitir e o que isso significa? Exemplificando:
1- O professor, seguindo as matrizes
curriculares, está ensinado frações para sua turma; o aluno com NEE também
recebe essas informações com as estratégias que o permitam participar desse
conteúdo, seja com material concreto, práticas ou experimentações. Se esse
aluno, de acordo com sua capacidade, entendeu que existe um inteiro (uma coisa
inteira) que pode ser divido (partida em pedaços iguais) e cada pedaço é um
pedacinho desse inteiro, de acordo com o
planejamento individual elaborado pelo professor, o aluno alcançou os
objetivos, pois de todo o contexto e de acordo com sua compreensão, foi essa
noção de “frações” que ele conseguiu aprender e pode utilizar na vida.
2- Na disciplina de Português o professor está
trabalhando a produção escrita e grafia correta com sua turma, o aluno com NEE,
que na maioria das vezes não lê nem escreve, pode realizar seu texto oralmente,
sendo observada a concordância verbal, conteúdo, sequência de pensamento e
outros, segundo sua capacidade.
3- Na matemática a turma está aprendendo equação
do primeiro grau e, após esgotarem todas as estratégias, o aluno com NEE
compreendeu que um problema escrito com palavras ou falado pode ser escrito com
números,
(equação linear) ou simplesmente entendeu o
significado da incógnita (o X da questão), esse aluno cumpriu os objetivos,
pois, do contexto das equações do primeiro grau, foi o que ele teve condições
de aprender.
4- Um exemplo interessante aconteceu com uma
aluna com Síndrome de Down no ensino médio: A professora falava sobre a segunda
guerra, especificamente com documentários sobre Mussolini e Hitler e ao final
da aula perguntou o que a aluna havia entendido sobre o apresentado e ela
respondeu: - Um era mau, mas o outro era “muito mais mau” ainda! A professora
considerou a resposta certa, porque dentro da sua capacidade de compreensão, a
aluna demonstrou seu entendimento da situação exposta.
5- Existem muitos casos, como na Deficiência
Intelectual grave, em que o aluno exigirá uma adaptação individual significativa.
Em Ciências, por exemplo, de todo o Eixo 2- Ser Humano e Saúde, o aluno
aprendeu que não se pode beber qualquer água, que ela deve ser filtrada ou
fervida antes de beber para não ficar doente e que a água é importante para
todos e não se deve desperdiça-la. Podemos dizer que, de todo o Eixo 1, esse
aluno com grave deficiência intelectual atingiu os objetivos, pois, de acordo o
planejado e aplicação de estratégias específicas, ele absorveu o conhecimento que estava ao alcance
de sua compreensão, conhecimento esse que será utilizado em sua vida.
Os exemplos acima citados demonstram a
oportunidade de acesso ao currículo; em muitas situações o aluno também
necessitará de acesso aos materiais e a comunicação, quando a Tecnologia
Assistiva deve ser utilizada. O suporte da Sala de Recursos e do Professor de
Apoio, quando necessários, tem papel fundamental do processo educacional do
aluno com NEE.
Se não existisse o PDI e a Flexibilização
Curricular, os alunos com NEE estariam para sempre na “alfabetização”, marcando
passo no mesmo lugar ou teriam seus boletins sempre com notas em vermelho, o
que seria, no mínimo, um desrespeito. O boletim do aluno com NEE é justificado
e apoiado pelo seu Plano de Desenvolvimento Individual (PDI), o que deve
acontecer durante todo o percurso escolar.
Muitos irão perguntar: como esse aluno pode estar
no sexto ano se não sabe ler, nem somar e ainda seu boletim apresenta-se com
boas notas?
A resposta é: porque ele tem um PDI e está em uma
escola que valoriza suas capacidades e respeita suas limitações.
Como foi dito anteriormente, o preenchimento do
PDI é responsabilidade do professor regente de turma. A partir do sexto ano,
cada professor deve ser responsável pelo preenchimento da sua disciplina; a
parte das habilidades cognitivas/metacognitivas/comunicacionais/interpessoais/afetivas/
motoras/psicomotoras/cotidianas pode
ser considerada parte comum e deve ser preenchida uma única vez, com o consenso
dos professores.
É importante que o planejamento pedagógico do
professor seja o mais realista possível e o PDI o mais fiel possível ao aluno.
Abaixo segue como sugestão o formato do PDI
utilizado pelo CEEEU, documento esse que vem sendo aperfeiçoado desde 2004.